Comecei
a entender a dimensão do evento, três ou quatro dias antes da festa. Em todos
os lugares onde fui- salão de beleza, estações de metrô, nas ruas- sempre tinha
alguém comentando, perguntando um pro outro se iria, combinando onde se
encontrar ou acessando sites para saber a programação. E a maioria não fazia
parte do público LGBT.
Aí,
o primo do meu marido nos convidou para assistir aos shows. Ele ia com a
namorada. Teve apresentações e eventos por toda a cidade, que ficou LOTADA! No
dia do desfile, eu e o Rodrigo (o Rodrigo é o meu marido) fomos mais cedo porque eu queria ver a passagem
dos trios elétricos e valeu a pena! Foi bonito de ver... a Gran Vía- uma das
principais avenidas da cidade- tomada pela multidão. E a minha primeira impressão
se confirmou: foi um evento para TODOS! Além do público ao qual a festa era
dedicada, tinha famílias com crianças, casais hetero, idosos... todos juntos
contra ‘as diferenças’, a favor da liberdade e em paz!
Mais
abaixo, na Plaza de Las Cibeles, quando os trios elétricos passavam as pessoas
dançavam, cantavam, se divertiam... Claro, tive que ficar no meio do ‘fervo’!
kkk... O reflexo da luz do sol se pondo no edifício da Plaza Las Cibeles- que
estava com uma enorme faixa nas cores do arco-íris- produziu uma imagem
maravilhosa! Sem contar os balões azuis e amarelos que foram soltos de um dos
caminhões e ganharam o céu...
Plaza de Las Cibeles |
A
estimativa, segundo uma emissora de TV aqui da Espanha, era de um público de
mais de um milhão e meio de pessoas somente na noite de sábado. Se contar todos
os dias de evento (de quinta a domingo), passa dos três milhões.
Tudo
muito lindo, mas os espanhóis que me desculpem: no quesito animação, ainda não
conheço ninguém melhor que os brasileiros! kkk
O
desfile terminou e as pessoas continuaram nas ruas. Bares lotados. Energia boa.
Paramos em um bar pra tomar um chopp, comer alguma coisa e de lá seguimos para a
Plaza de España encontrar o primo do Rodrigo. Tinha mais algumas pessoas do
trabalho dele, um pessoal muito legal e animado. Show de rock rolando, depois dance music... E
assim passamos boa parte da noite dançando e bebendo ‘tinto de verano’ – o
vinho de verão dos espanhóis- parece um suco. E sabe o que me chamou a atenção?
Aqui, o pessoal tem o costume de comprar todas as bebidas e até petiscos nos
supermercados porque é beeeeemmm mais barato e levar pra festa. Ninguém tem
vergonha, não! É a coisa mais normal do mundo sentar no gramado pra comer,
beber... ou mesmo pôr a sacolinha no chão e ficar em pé em volta curtindo o show,
conversando... Achei ótimo!
Gran Vía |
E
você acha que parou por aí? Nada. De lá, seguimos caminhando alguns quilômetros
até uma balada porque em Madrid, a noite começa depois da 1h. Mas deixa só eu
fazer um parênteses aqui pra dar uma dica pra você não sofrer como eu: só saia
de casa em Madrid com sapatos confortáveis. Não adianta querer ficar chique,
toda arrumadinha, que não rola! Anda-se muito pela cidade e você vai ficar com
dor no pé como eu. Fui com uma rasteirinha, toda bonita, mas dura pra caramba! Quase
morri de tanta dor. Relaxa, aqui a mulherada vai de tênis mesmo na balada. Até
vi algumas poucas que estavam de salto, mas fiquei sabendo que elas levam outro
calçado mais confortável na bolsa. É normal! Confesso que pra mim, isso é muito
difícil. Só uso tênis na academia. Mas tenho que me adaptar, caso contrário vou
continuar sofrendo.
Bom,
voltando ao assunto de caminhar à noite, e essa foi a melhor parte da
história...
A segurança
Gente,
andar 3,4,5 horas da madrugada pelas ruas de uma cidade grande sem medo, não
tem preço! Havia milhares de pessoas pelas ruas, avenidas, pessoal bebendo,
brincando com quem passava perto, bares abertos e em nenhum momento tive receio
de ser assaltada, atacada ou de qualquer tipo de violência. O policiamento é
visível: está em cada esquina e as pessoas estão ali somente pra se divertir,
mais nada! Será que um dia o Brasil vai viver dias assim? Espero que sim!
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